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O bem mais precioso para uma garota de Moçambique: seus óculos

Comemorar Mudanças no Dia Internacional da Consciência sobre Albinismo

Josina usando seus novos óculos apropriados fora da sala de aula no distrito de Chiuta, na província de Tete, em Moçambique. Desde obter os óculos, Josina tem apresentado um melhor desempenho acadêmico, embora as escolas estão fechadas por causa da pandemia do Covid-19 no momento. © 2019 Cortesia de Azemap.

Em 13 de junho é celebrado o Dia Internacional de Sensibilização sobre Albinismo, uma data para marcar a visibilidade de pessoas com albinismo e para fomentar nosso compromisso com a luta delas contra a discriminação. No início deste ano, pessoas com albinismo de todo o mundo votaram unanimemente pela formação de uma aliança global sobre o albinismo – um momento histórico que pode marcar uma grande mudança para os direitos dessas pessoas.

Em junho passado, eu pude ver Josina, uma menina de 8 anos de Moçambique, usar pela primeira vez um par de óculos. Isso mudou a vida dela.

Josina, uma menina com albinismo, em uma sala de aula no distrito de Chiuta, província de Tete, em Moçambique. © 2019 Marcus Bleasdale para a Human Rights Watch

"Na escola, os óculos me ajudam a estudar", nos disse Josina algumas semanas atrás, enquanto realiza o distanciamento social em casa. “Agora posso ler com menos dificuldade e copiar melhor da lousa ou do livro sem perder as palavras.”

Josina tem albinismo, uma condição genética em que o corpo produz níveis mais baixos de melanina, dando a ela uma aparência mais clara e visão comprometida. Quando nos conhecemos, Josina enfrentava dificuldades na escola, ainda que – ao contrário da maioria das outras crianças com albinismo que entrevistamos –, sua professora e sua família lhe oferecessem um grande apoio. Mas algo tão simples como os óculos, raridade para a maioria das crianças em Tete, uma das províncias mais pobres de Moçambique, realmente permitiu que ela visse o mundo de outra maneira. Eles a fizeram se sentir como uma outra criança qualquer.

Josina (segunda da esquerda para direita) brincando com sua melhor amiga e sobrinha, Luisa (primeira à esquerda), ambas com oito anos na época. © 2019 Marcus Bleasdale para a Human Rights Watch

Os óculos foram possíveis graças à atuação da Azemap, uma organização de voluntários que fornece itens de necessidades básicas, como protetor solar, sabão sem perfume e roupas de proteção solar, para pessoas com albinismo em Moçambique. Essas pequenas coisas também fazem a diferença.

Uma conclusão importante no relatório de 2019 da Human Rights Watch “‘Do berço ao túmulo’: discriminação e barreiras à educação de pessoas com albinismo na província de Tete no Moçambique”, foi que os estudantes com visão subnormal na província de Tete não tinham acesso a materiais de aprendizagem apropriados, como livros impressos, dispositivos auxiliares , tempo extra para provas e disposição de assentos perto da lousa. E embora os óculos possam ser úteis para algumas crianças com albinismo, elas não substituem essas medidas, e muitas outras crianças exigem dispositivos adaptativos adicionais, como monóculos.

Josina (esquerda) com sua sobrinha Luisa, ambas com oito anos na época. "Ela é minha melhor amiga", disse Josina. "Ela está sempre perguntando se eu estou bem, ela me ajuda a ler depois da escola e cuida de mim”. © 2019 Marcus Bleasdale para a Human Rights Watch

No caso de Josina, os óculos são seu bem mais precioso. "Ela cuida deles porque percebe sua importância", nos disse a mãe de Josina. "Ela só os usa para estudar."

Ainda mais preciosos para Josina são seus relacionamentos com sua professora e com sua família, incluindo Luisa, sua sobrinha e melhor amiga. Esses relacionamentos a ajudam a enfrentar o estigma e os olhares associados ao albinismo. Presenciar suas belas interações e o impacto do trabalho de Azemap me fez lembrar que há muito que podemos fazer para mudar a vida de crianças com albinismo, mesmo em locais com recursos limitados.

Neste Dia Internacional de Sensibilização sobre Albinismo, lembremos de Josina e de outras pessoas com albinismo por sua resiliência diante de dificuldades inimagináveis ​​e reflitamos sobre a promissora formação da nova aliança global. A Human Rights Watch estará ao lado de ativistas com albinismo para assegurar que a promessa dê frutos. Porque as pessoas com albinismo são #FeitasParaBrilhar (#MadetoShine, em inglês).

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