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O ataque a uma escola em Peshawar, no noroeste do Paquistão, deixou pelo menos 145 mortos – quase todos crianças – e define a mais nova e mais baixa perversão do Talibã paquistanês. Tragicamente, o ataque, assombroso por sua proporção, é apenas um dos frequentes ataques premeditados contra escolas no Paquistão e no mundo.

O grupo dissidente do Talibã paquistanês, Tehreek-e-Taliban (TTP), justificou o ataque contra a escola militar – onde os militantes passaram de sala em sala, sistematicamente, atirando em crianças e professores – como forma de vingança por uma continuada ofensiva do Exército iniciada em junho nas áreas tribais do Waziristão do Norte. O porta-voz talibã, Muhammad Umar Khorasani, disse que o ataque teve a intenção de fazer o exército "sentir a dor" por supostamente "direcionarem sua ofensiva contra nossas famílias e mulheres."

O ataque do dia 16 é de um horror e brutalidade incompreensíveis, mesmo para um grupo que já demonstrou desprezo pelas vidas de civis. Em sua guerra contra o governo paquistanês, o TTP tem frequentemente violado o direito humanitário internacional, que proíbe quaisquer grupos armados de submeterem civis a ataques intencionais, indiscriminados ou desproporcionais. Foi o TTP que, em 2012, atirou em Malala Yosafzai, em sua cabeça, por lutar pela educação de meninas.

Entre 2009 e 2012, houve pelo menos 838 ataques à escolas no Paquistão, deixando centenas delas destruídas. No mundo todo, nos últimos cinco anos, cerca de 30 países têm experimentado um padrão de ataques intencionais contra escolas, professores e estudantes, de acordo com a Coligação Mundial para a Proteção da Educação contra Ataques – um grupo de organizações não-governamentais e três agências das Nações Unidas que trabalham juntas para prevenir e tomar medidas em reposta a esse tipo de ataques. A Coligação tem documentado mortes de centenas de estudantes e educadores, além de muitos outros feridos. Nesse mesmo período, esse tipo de violência tem também impedido a educação de centenas de milhares de pessoas, ou as tem forçado a estudar e ensinar com medo.

No momento do ataque em Peshawar, 37 países, liderados por Noruega e Genebra, juntamente com 10 organizações internacionais, estavam reunidos em Genebra para discutir a necessidade de proteger a educação em tempos de guerra. Este evento trágico reforça a importância do lançamento das Diretrizes para a Proteção de Escolas e Universidades contra Uso Militar Durante Conflitos Armados.

Enquanto Peshawar ainda se recupera do ataque do dia 16, muitos paquistaneses vão esperar do governo do Paquistão que melhore a segurança das escolas para proteger os alunos e educadores de futuras atrocidades como essa. O governo deverá também dedicar esforços para prender e julgar os militantes do TTP e outros que usam escolas para perpetrar violência. Outros países podem demonstrar solidariedade às vítimas do ataque à escola de Peshawar não somente expressando indignação em relação a esse trágico acontecimento, mas também endossando as Diretrizes como uma expressão de determinação de que esses ataques devem ter um fim.

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