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A Fifa tem influência para exigir respeito a direitos humanos © Weberson Santiago/Veja.com

Enquanto a Rússia recebe a maior competição de futebol do planeta, a Federação Internacional de Futebol (FIFA), deve deixar claro que suas regras fora do campo são tão importantes quanto as do gramado.

A FIFA proíbe rigorosamente qualquer tipo de discriminação , mas às vésperas da competição, as autoridades russas têm violado direitos de jornalistas e defensores de direitos humanos, e vem, igualmente, impondo leis e políticas discriminatórias contra gays, lésbicas, bissexuais e transexuais (LGBT).

Sabemos que a FIFA pode influenciar governos anfitriões. Na Copa do Mundo de 2014, pressionou com sucesso o Brasil para permitir a venda de cerveja nos estádios – a bebida alcóolica era proibida em jogos de futebol para coibir a violência entre torcidas rivais. Como a Budweiser era grande patrocinadora, o então secretário-geral da FIFA reverberou "bebidas alcoólicas são parte da Copa do Mundo."

Se pode influenciar leis e políticas para agradar patrocinadores, a FIFA certamente pode fazer mais para defender os direitos humanos – e tem a responsabilidade de proteger torcedores, incluindo LGBTs, e a oportunidade de utilizar seu poder para o bem comum.

Há cinco anos, pouco antes das Olimpíadas de Sochi, a Rússia aprovou uma lei contra “propaganda gay”. A lei, que proíbe a veiculação de informações positivas sobre pessoas LGBTs que possam ser vistas por crianças, contribuiu enormemente para um aumento da violência contra essa população.  

A FIFA criou boas regras e regulamentos, mas muitas vezes não faz o suficiente para sair da retórica. No ano passado, apesar dos terríveis episódios de agressão contra gays na Chechênia, incluindo tortura e espancamento, a FIFA colocou a capital Grozny na lista de locais de treinamento para a Copa.

Mais de 60.000 brasileiros compraram ingressos para assistir aos jogos na Rússia. O Itamaraty publicou recentemente um Guia Consular do Torcedor Brasileiro, recomendando que pessoas LGBT evitem demonstrações públicas de afeto. Fare, um grupo que luta contra a discriminação no futebol em todo o mundo, também recomendou não dar as mãos em público durante a Copa.

Quando a bola rolar no Estádio Luzhniki de Moscou, inaugurando a copa na Rússia, estará mais do que na hora da FIFA agir e declarar publicamente que as autoridades russas devem respeitar as regras antidiscriminação e garantir uma atmosfera acolhedora para jornalistas, defensores de direitos humanos e pessoas LGBT, dentro e fora do campo. Grandes patrocinadores— incluindo a Coca-Cola, Visa e Adidas – deveriam se juntar ao coro e cobrar o posicionamento da FIFA. Bebidas alcoólicas podem fazer parte do evento, mas violações dos direitos humanos não.

Não é apenas sobre a Rússia. O Catar, que criminaliza relações homoafetivas, será a próxima sede da Copa do Mundo. As preocupações com os direitos humanos no país são tantas que o McDonald's passou a reconsiderar o seu patrocínio para após este campeonato na Rússia.

A FIFA tem poder suficiente para advertir a Rússia, Catar e qualquer futuro anfitrião que a homofobia e qualquer outra violação dos direitos humanos não têm lugar nos jogos da Copa.

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